Bicicletas fazem parte da vida de Taylor Lideen há muito tempo, e ele não teve falta de realizações ao longo da jornada: campeão das 24 horas de MTB solo mundial sub-25, vencedor do Unbound XL 350 miler, tetracampeão do True Grit 100, e a lista continua. Mas foi um longo caminho das trilhas de South Mountain da sua cidade natal, Phoenix, Arizona (EUA), até sua carreira profissional e o LifeTime Grand Prix. Saboreando o processo e ganhando impulso a cada ano, Lideen desenvolveu sua técnica enquanto entendia mais sobre si mesmo a cada movimento do pedal ao longo do caminho.
Eu cresci pedalando e competindo em mountaing bikes com meu pai desde que me lembro por gente. Eu comecei com uma bike da mesma forma que qualquer outra criança – seus pais tiram as rodinhas e eles não conseguem fazer você ficar dentro de casa, porque você está no pedal o dia inteiro. Até o ensino médio meus interesses estavam em jogar hóquei e praticar motocross, mas era complicado, porque todas as trilhas e lugares para pilotar estavam a pelo menos 45 minutos de distância de carro.
E meu pai falava o tempo todo: "você realmente deveria pensar em pedalar mountain bikes". Nós morávamos em Phoenix, Arizona (EUA). A South Mountain estava no nosso quintal e ele estava pedalando quase todos os dias. Eu recusei e recusei - achava que era uma coisa dele, não minha. Mas finalmente, no ensino médio, ele me arrastou para uma pedalada, e fui fisgado imediatamente. Daquela primeira pedalada de mountain bike, eu pensei "essa é provavelmente a coisa mais legal do mundo".
Quando saía do colégio eu podia ir explorar a South Mountain, que numa época era o maior parque municipal do mundo. Eu simplesmente ia até lá e pedalava em trilhas que nunca tinha visto. Eu acho que o que meu pai queria que eu fizesse era sair para pedalar e ser autossuficiente: carregar água suficiente, comida suficiente, aprender como consertar pneus furados e problemas mecânicos por conta própria.
Nessa época, meu pai estava participando de competições de mountain bike de 24 horas em uma equipe, e então ele passou para as competições de downhill. Então, quando comecei as competições de mountain bike, foram provas de downhill. Nós viajávamos pelo país e isso transicionou para competições de enduro, mas ainda fazendo algumas provas de endurance. Durante o tempo todo, eu sofri com muitos problemas de saúde, ec om ansiedade e depressão desde realmente muito jovem. Mas isso só começou a pesar mesmo na minha vida nos anos do ensino médio e depois. Eu lidei com isso por um bom tempo, e isso dificultava meu foco nas bikes o quanto eu queria.
Mas vamos direto para 2015, quando minha 'agora esposa' e eu nos mudamos para o Colorado para experimentar algo de novo. Foi lá que eu mergulhei de cabeça no aspecto de endurance do mountain biking, o que tem sido meu foco desde então. Moramos no Colorado por um ano antes de voltarmos a Phoenix, e recentemente minha esposa e eu viemos para o noroeste do Arkansas, para a região de Bentonville. Nós, realmente, só tínhamos conhecido Phoenix a vida inteira. E, como a maioria dos lugares do país, Phoenix estava se tornando loucamente cara em termos de custo de vida. Procuramos e procuramos tentando comprar nossa primeira casa, e como tal, isso estava além do nosso alcance em Phoenix. Então abrimos um grande mapa, escolhemos um monte de lugares e começamos a pesquisar o Arkansas.
Fomos para o estado em novembro de 2021, e foi a melhor decisão das nossas vidas. O quanto todo mundo é amistoso, basicamente como Bentonville e Bella Vista incorporaram a bicicleta a sua cultura local. Há ciclovias em todo lugar, e você pode acessar singletracks praticamente de qualquer ponto da cidade. E eu acho que as pedaladas no gravel em NWA e no sul do Missouri são iguais, talvez até melhores, do que o mountain biking.
Só nos últimos dois anos, realmente. Com toda a sinceridade, eu tinha muita hesitação em fazer isso. Como disse, tive de lidar com ansiedade e depressão bastante fortes toda a minha vida, e isso me derrubou em muitos casos e muitos cenários. E definitivamente impactou meu ciclismo. À medida que envelheci, percebi que ansiedade e depressão são assustadores, mas eu posso buscar ajuda para isso, não preciso ficar totalmente de joelhos. Trabalhar isso mostrou que, uma vez que conseguisse colocar a coisa sob controle, eu poderia decidir o que seria capaz de fazer. Isso foi algo que eu finalmente entendi nos último ano ou dois.
Com certeza, eu acho que tenho muita, muita sorte. Eu também acho que a mudança abriu algumas oportunidades que, de outro modo, não teriam acontecido. Quero dizer que a cultura de ciclismo de Phoenix é boa, mas uma cidade grande como aquela dilui as coisas, tendo tantas pessoas. Vir para o Arkansas pareceu uma nova oportunidade e possibilidade, e estar mergulhado nesta cultura tão focada no ciclismo realmente abriu oportunidades. Simplesmente pareceu uma renovação.
Sim, com certeza. No passado eu achava que ajudava mas, na verdade, só piorava. Como com tudo, quando fica mais velho você descobre maneiras de trabalhar coisas diferentes e superá-las. Para mim isso aconteceu com o ciclismo, e aconteceu recentemente. É essa a coisa a que eu volto. Para mim parece piegas, mas é a única forma de meditação que eu sei como fazer. Tenho inveja das pessoas que dizem que podem meditar nas manhãs. Nunca fui esse tipo de pessoa. Mas a bike é sempre constante assim. Seja em uma pedalada curta pela vizinhança ou um treinamento longo, a bike está sempre ali.
Com certeza. Quando está na sua bike, você está realmente focado em girar os pedal e beber e comer. Isso meio que simplifica as coisas. Quando vivemos em um mundo onde todo mundo está correndo de um lado para outro o tempo inteiro... quando você sai de bike, quando sabe para onde está indo, isso realmente simplifica as coisas.
Eu diria que tem um tremendo papel, mas também é apenas o processo para mim. Eu adoro qualquer evento ciclístico, na verdade. Eu adoro o processo antes, durante e depois. Eu adoro a logística, o planejamento da nutrição, o planejamento mecânico, o treinamento físico e mental. É como marcar "feito" nos itens da rotina diária. Quando tem um evento no calendário, há alguns itens para marcar "feito" ao longo do caminho, e as datas vêm e vão quer você esteja pronto ou não. É totalmente com você resolver as coisas.
Eu gosto de saber que você pode construir seu próprio impulso, em um único dia, uma única semana, um único mês. Você não precisa realmente de ninguém mais para construir aquele impulso para você. Isso não quer dizer que eu faço isso sozinho. Tenho a felicidade de ter apoio, minha esposa, minha família e os patrocinadores para ajudar. As coias não podem ser feitas sem essas peças do quebra-cabeças, certo? Mas manter esse impulso e sentir isso é algo que eu adoro.
E quando digo que qualquer pessoa pode fazer isso, falo a sério. É tipo quando você começa um novo emprego - as primeiras semanas parecem super intimidadoras, mas certamente, depois de um mês, você começa a pegar o jeito e, antes de se dar conta, está na rotina e parece que você fez isso a vida toda. Você está numa sequência virtuosa.
É, acho que sim. Para mim, quanto maior o evento, mais gratificante ele é para mim pessoalmente, porque eu sou naturalmente inclinado para as provas mais longas. Já alguns dos eventos do LTGP, para mim, parecem sprint. Aquela coisa é incrivelmente intimidadora para mim, certamente assustadora. É uma coisa com que eu não estou realmente acostumado. Ao mesmo tempo, isso me traz a empolgação de sair da minha zona de conforto e aprender alguma coisa, e esse impulso pode passar para o ano seguinte.
Honestamente, eu adoro corridas de bicicletas, de qualquer tipo. É realmente divertido fazer coisas como o Sea Otter, embora tenha sido meio curto para mim [80 km]. Eu fiz um monte desses no passado, mas como não é meu foco normal, acaba como se fosse novidade. É empolgante, porque o ritmo é muito mais alto do que aquele a que estou acostumado.
Há certos eventos que eu adoro fazer entra ano, sai ano, mas realmente amo ir a lugares novos, não apenas para pedalar, mas também para competir. É isso que é tão empolgante sobre este LifeTime Grand Prix. Um dos eventos é no Wisconsin, onde eu nunca estive antes. É empolgante para mim ir a um estado em que nunca estive, e um bônus ter uma corrida de bike lá.
Definitivamente, é um fator. A coisa que eu mais espero é tentar ser o mais competitivo possível. Isso me impulsiona todos os dias. Estou muito motivado pelo fato que ficarei no Colorado por dois meses neste verão, só para ter um bom tempo na altitude. Apareceu uma oportunidade quando eu encontrei um pequeno quarto para alugar em Vail.
Com certeza. Definitivamente não é um quartinho dos mais glamourosos - tem 3 x 4 metros, e eu aluguei um armário de armazenamento para bikes e sobressalentes. Mas estou super empolgado só por mudar as coisas um pouco neste verão.
Minha esposa e eu temos dois pastores-holandeses, que são como nossos filhos. Passamos muito tempo com nossos dois cachorros. Como acabamos de nos mudar para um novo lugar, estamos arrumando muita coisa na casa também. Também há muitas oportunidades de se fazer coisas divertidas aqui no noroeste do Arkansas quando não estou pedalando. Há muitos museus aqui, como o Crystal Bridges. Muitos lagos para levar os cachorros. Muitos rios e lugares para nadar. Eu passo muito tempo assistindo a esportes e ouvindo música. Depois do ciclismo e de passar tempo com minha esposa e os dois cães, essas são as duas coisas de que eu mais gosto.
Eu escuto de tudo, qualquer coisa. O que eu mais ouço, provavelmente, é metal. Em segundo lugar, Southern Country Rock.
Eu tenho estado em uma onda de punk mais antigo, ultimamente. Na verdade, os únicos tipos de música que não escuto são Radio Country e R&B. O resto, eu ouço praticamente tudo. Existe muita coisa por aí para explorar. Mas deu diria que, provavelmente, o Tool é minha banda favorita. Eu sempre volto a eles. E fico meses ouvindo.
Eu acho que esta é uma coisa muito legal sobre pedalar e sobre o esporte, especialmente os eventos de participação em massa. Você pode ver gente de todo tipo ali. Seja mountain bike ou gravel, você pode ver alguém no seu primeiro evento, não importa a idade. E daí tem pessoas que estão no topo das competições e que já estão fazendo isso no nível mais alto há bastante tempo.
Eu uso meu pai como exemplo. Ele pedala desde que me lembro por gente, mas ele ainda pratica quatro dias por semana na South Mountain em Phoenix. Ele tem quase 70 anos e ainda faz isso quase todos os dias. E ele parece que não vai reduzir o ritmo por um bom tempo. Ele pode levar um pouquinho mais de tempo para se recuperar, mas ama ciclismo tanto quando no dia em que começou.
Eu acho que também há muitos jovens adotando as bikes, porque quer queira competir ou não, você pode fazer isso até a velhice, e também pode fazer isso com a família, o que é muito legal.
De certas maneiras, com certeza. Eu o admiro por causa do que ele fez no passado e como ele fez do jeito dele desde quando começou a pedalar até agora. Ele tem quase 70 anos. Essa é outra coisa legal sobre o esporte. Você não precisa praticá-lo de um certo jeito ou do jeito que alguém diz para você. Você pode fazer do seu jeito.
São tantas pessoas que me pedem orientações e dicas quando estão começando, e eu acho que a principal coisa é descobrir o que funciona para você. Encontrar o que é divertido para você. Não fique preso no que as outras pessoas estão fazendo. Você não precisa sair e gastar um monte de dinheiro para começar. Se tiver uma bike na sua garagem, comece andando pelas redondezas. Pedale em ciclovias. Eu acho que muitas pessoas às vezes passam tempo demais na internet, vendo demais o que outras pessoas estão fazendo. Isso pode fazer com que entrar no esporte seja intimidador. Encontre seu próprio caminho e peça ajuda no meio da jornada. As pessoas vão estar dispostas a ajudar.
Nos últimos tempos eu tenho sido mais aberto sobre minha lutas contra a ansiedade e a depressão, e como isso se relaciona ao esporte em geral. Acho que vivemos agora em um mundo em que é mais comum que as pessoas falem sobre as lutas pelas quais estão passando. Não precisa ser especificamente ansiedade e depressão, mas outras coisas que elas estão enfrentando. E espero que o diálogo possa ser aberto e se tornar uma segunda natureza falar sobre a questão, desde que a pessoa esteja confortável com isso. Eu acho que especialmente para um jovem - se ele está lutando contra algo e usando a bike como um tipo de terapia, não ter medo de se abrir sobre o problema, se desejar.
Eu aprendi que, quando fiz isso, apareceram mais mãos para ajudar do que eu jamais imaginava. No começo fazer isso foi realmente aterrorizante, mas só posso agradecer por ter me trazido até aqui. Eu também permiti a mim mesmo me conectar com pessoas com que, de outra forma, não me conectaria.
Absolutamente. Eu acho que tive a felicidade de conseguir ajuda e poder continuar conseguindo ajuda. Eu percebo que há muita gente por aí que não está conseguindo apoio ou que atualmente não pode. Mas isso não significa que ele não exista.