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- 28/08/2025
Liam Yates: ‘Imagine pensar que você completou o GTA e então, do nada, você abre uma área completamente nova no mapa. É isso o que o gravel fez para as minhas pedaladas.’
O ciclista da Gravel Alliance Liam Yates traça sua rota desde o BMX, passando pela estrada e pelas bikes fixas (de uma só velocidade), até o gravel, onde ele encontrou a liberdade definitiva em duas rodas.
O Liam cresceu no meio das bikes: seu pai era um ciclista de estrada profissional. Uma das suas primeiras memórias é divertindo-se com amigos em mountain bikes nas matas da região. A partir dali, ele foi para rodas menores, e começou a pedalar BMX. Até então, nada de slicks à vista.
Como BMXer, tudo para ele era sobre fluxo e forçar seus limites em um pequeno conjunto de saltos na estrada onde ele morava no Sul da Inglaterra, canalizando a inspiração vinda de assistir aos X-Games.
Quando terminou o colégio, o criativo começou um aprendizado em uma oficina de bikes local que tinha uma rica história de apoiar alguns dos melhores ciclistas de estrada do país. Liam ficou totalmente mergulhado no ciclismo de estrada, desde o conserto e venda de bikes a assistir a competições sem parar na loja, o que despertou seu interesse e, antes que Liam se desse conta, suas idas ao trabalho de 30 km se tornaram seus contra relógios locais.
‘Uma vez que comecei a demonstrar um certo interesse, meu pai (Sean Yates, vencedor de estágio do Tour de France e detentor de camisa amarela) disse: “Ok, vamos a uma pedalada de treinamento amanhã”. E foi difícil! Levou um bom tempo para eu me tornar um ciclista e não apenas uma pessoa pedalando uma bike.’, recorda-se Liam.
A partir dali, o próximo passo natural envolveu competições de estrada mais sérias, incluindo um stint na França. Mas ao final da quarta temporada do Liam – mesmo com o progresso que ele fez e o potencial que mostrou – ainda não havia uma equipe no horizonte.
‘Um pouco perdido, eu disparei até a competição de bikes fixas London Nocturne, para entender o que era todo aquele agito. Eu furei um pneu a uma volta do final, mas ainda assim fiquei marcado como um a ser observado no Red Hook Crit da semana seguinte, pelo organizador da prova’, explica Liam com um sorriso.
A conexão com a vibe relaxada das competições de bikes fixas foi imediata para o Liam. ‘Em provas de estrada, você vai e raramente conversa com os outros competidores. Tudo o que importa é o seu resultado, e depois que ela acontece, todos simplesmente vão para casa. As competições de bikes fixas focam muito mais na comunidade e confraternização; se você chega em primeiro ou em último é irrelevante. Isso abriu meus olhos, e eu acho semelhante à vibe do gravel que você encontra em eventos como o Grinduro.’
Das competições de bikes fixas, o passo seguinte que levou Liam mais perto da liberdade do gravel veio na forma do bikepacking: um plano específico, improvisado, de pedalar com um colega de equipe do Brooklyn Red Hook Crit até Miami. ‘Planejamos pedalar nossas bikes fixas de pista. Eu não tinha um computador ou qualquer experiência em acampar, mas dois dias mais tarde, partimos.
Não conseguimos chegar a Miami, mas pedalamos para o interior, até a Carolina do Sul. Acho que, no final, fizemos uns 1600 km. Nem sequer tínhamos suportes para garrafas d´água, só garrafas de Sprite nas nossas mochilas. Foi sensacional. E, a partir de então, o bikepacking me conquistou.’
De certo modo um dos pioneiros a adotar a modalidade, conseguir uma bike dedicada para gravel foi o próximo passo – um que Liam admite que levou sua liberdade a um novo patamar. ‘Isso me arrebatou. Pedalando localmente, havia muitas áreas novas para explorar. Você passou por uma entrada para uma trilha para cavalgadas 200 – 300 vezes, e nunca pedalou por ela. O gravel ainda me dá a inspiração de pegar todas essas trilhas e ver para onde vão’, acrescenta Liam, ainda com a mesma empolgação que a que ele sentiu na primeira vez.
Pedalar deu uma grande guinada na minha vida a partir desse ponto. Se você sai para uma pedalada de estrada solo, é como treinamento. Mas se você vai sozinho em uma pedalada de gravel, parece exploração. Você está longe dos carros, livre para pedalar para onde quiser, e não tem de se preocupar com estar no lugar errado’, continua Liam, apontando para o campo que rodeia sua casa.'
Para Liam, como para a maioria dos entusiastas do gravel, a modalidade é mais do que uma categoria de ciclismo. É uma vibe. E compartilhar essa vibe com outras pessoas retribuindo para a comunidade de gravel é como o Liam entrou no mundo da organização de eventos. ‘Não havia eventos durante a pandemia, por isso eu pensei em criar um percurso legal para pedalarmos. Basicamente, eu criei um percurso realmente difícil para meu irmão e amigos, que eu compartilhei nas redes sociais. As pessoas estavam com uma tremenda expectativa de saber onde eram todos os pontos, e daí eu me peguei pensando que, talvez, pudesse fazer um evento completo disso.
Foi assim que o SSX [Sussex] Mystery Tour começou. A taxa de inscrição para a primeira edição foi de 4 libras, basicamente o preço de uma bebida na chegada. Uma comunidade cresceu ao redor dele quase imediatamente. A cada ano, o percurso parece ficar mais difícil. Eu me inspiro nas seções mais difíceis que experimentei em outras competições, tais como a Silk Road Mountain Race. Essas seções forçam você tanto que elas dão a todos que as percorreram uma experiência compartilhada – mesmo os que fizeram o trajeto sozinhos – que os participantes sempre lembrarão.’
Com sua vibe underground e origens em um campo desinteressante com um banco de jardim, o SSX Mystery Tour está indo para seu 4º ano, e a organização está ficando um pouco mais afiada. Embora o conceito do percurso continue o mesmo – pense em trilhas agonizantemente difíceis, belas lojas e cafés, ligado por seções mais rápidas, mais suaves – neste ano o Liam determinou um local específico para a partida e a chegada. ‘Os 150 participantes experimentarão esta área como um local, em vez de apenas cair na icônica South Downs Way’.
Não é surpresa de que o Liam também tenda à liberdade em relação à composição da sua bike. ‘Minha Canyon pode levar pneus de 2,1 pol.; não é recomendado, mas eu sempre os uso. Dependendo da banda eu tenho de lixar alguns gomos, mas isso permite que minha bike de gravel ande em qualquer lugar. Eu também uso um cockpit aero — algo que até nem os engenheiros da Canyon acreditam. Este ano eu troquei por um guidão de perseguição Pro, porque é aerodinâmico e flangeado. Eu também estou usando um GRX 2x11 completo.’ Liam explica, de forma prática, que há pouca coisa a se pensar sobre elementos específicos. Em vez disso, ele foca em como a configuração aumenta a capacidade e opções de pedalada. Resumindo, a liberdade que ele libera quando se trata de escolher a rota.
Para o Liam, é claro que o gravel é um estado de espírito e que a liberdade é seu estilo de vida, uma vibe que ele abraça e compartilha. ‘Sabe, eu pedalei pelo mundo todo e percebi uma coisa: você pode pedalar nos locais mais impressionantes e nem perceber o que está vendo. Mas quando encontra uma trilha oculta, mesmo no local mais banal por onde já passou 1000 vezes antes, você ainda sente um enorme senso de aventura. È por isso eu não posso ficar longe da minha bike.’
Texto: Phil Gale
Fotos: Ollie Adams